As
boas maneiras são práticas essenciais para se manter boas relações sociais. Sem
dúvida, todos reconhecem que essas práticas tem sua origem na família que é o primeiro
grupo social que o ser humano convive desde o seu nascimento.
Mas
o que de fato vem acontecendo é que as famílias, em sua grande maioria, tem
negligenciado sua responsabilidade, delegando-a a escola, à igreja ou outros
grupos sociais onde elas estão inseridas. Como resultado dessa falha das
famílias, vemos crianças, jovens e até mesmo adultos agindo com total
desrespeito às outras pessoas e, em muitos casos, com atitudes grosseiras e
violentas. Um exemplo disso foi a cena que presenciei esta semana no posto de
saúde do meu bairro. Como o médico demorou a chegar, a enfermeira,
educadamente, disse à paciente que esta deveria esperar mais. A paciente,
então, se enraiveceu e começou a agredir verbalmente a enfermeira com palavras
de baixo calão. A enfermeira que foi humilhada, não se dirigiu mais a ela. Eu
fiquei horrorizada com aquela cena e pensando que as boas maneiras já foram
esquecidas por muitas pessoas.
Trabalho
como professora do pré-escolar numa escola pública municipal. Tenho visto
diariamente como o comportamento dos alunos, principalmente os maiores, tem
piorado. Alunos agressivos, ofendendo-se uns aos outros, desrespeitando
funcionários e professores, ouvindo músicas em celulares em alto volume
atrapalhando as aulas de outras turmas, etc.
Todos
os dias eu me espanto com as cenas que vejo na escola e me pergunto: Que tipo
de exemplo essa geração tem recebido para chegar a esse ponto? Onde estão a disciplina,
os limites, os valores que deveriam ter como paradigma a família? E a escola,
como pode ajudar?
Bom,
eu acredito que a escola pode fazer muito para tentar resolver esse problema e
mostrar que ainda podemos ter esperanças nessa geração que está aí. Eles
precisam de nossa ajuda. Eu tenho feito a minha parte com os meus alunos. Eles
têm aprendido e praticado. Com apenas 4 e 5 anos já sabem dizer “obrigado”,
“por favor”, “bom dia”, etc. É emocionante vê-los agindo com gentileza e
educação.
Uma
boa medida que a escola pode tomar é criar projetos com esse tema envolvendo
todas as turmas e a comunidade. O incentivo aos alunos e que os mesmos envolvam
suas famílias pode ajudar muito, além de ser uma ótima oportunidade para trazer
a comunidade para dentro do ambiente escolar. A escola não pode se isolar da
comunidade onde ela está inserida. Ela tem que fazer a diferença. Vale
ressaltar que os devidos cuidados devem ser tomados em relação às comunidades
em área de risco.
Finalizando,
quero dizer que eu acredito na mudança. Quando vejo uma criança no ônibus dizer
ao pai que não pode jogar lixo pela janela porque sua professora disse que não
podemos sujar o meio ambiente, eu afirmo: há esperança. Quando eu vejo meus
alunos colocando em prática o que têm aprendido, eu afirmo: há esperança.
Quando eu vejo que muitos não desistem de serem educados e continuam
compartilhando essas práticas, eu sei que há esperança.
Como
educadores temos a missão de fazer o papel que a família falhou em realizar.
Provavelmente os que não transmitem essas práticas a seus descendentes é porque
não as receberam também. Por isso devemos, pelo menos, ajudar a melhorar tudo
isso. Acredito que assim estaremos indo pelo caminho certo.
Por Shirley Baptista de Souza
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